Um passeio pelo Rio São Francisco

Eu já tive oportunidade de fazer outros passeios de barco, mas esse tem um gosto diferente, afinal não é todo dia que posso navegar e me banhar nas águas do rio São Francisco.

Logo que cheguei a Petrolina-PE questionei o taxista durante o trajeto aeroporto até o Centro Diocesano onde fiquei hospedada em que lugar poderia encontrar passeios para aproveitar alguns dias antes do trabalho. Imediatamente ele recomendou uma agência de receptivos e depois de me hospedar lá fui para conferir as opções.

Na região existem várias opções diferentes: passeio pelas vinícolas, city tour em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), Barragem de Sobradinho, passeio pelo rio São Francisco dentre tantas opções. E essa última foi a que escolhi de imediato, pois o passeio só acontece aos domingos e eu teria um apenas para isso.

O interessante não foi escolher o passeio, mas sim como comprei. Ao questionar a agência, o passeio custava R$ 50 reais e confesso que achei um valor muito acima do que estou acostumada quando viajo pela região,e na minha experiência, o Nordeste tem excelentes preços.

 

 

 Mesmo assim, vamos lá, não sei quanto tempo vou demorar em voltar à região e seria um auto presente para aquele momento. Mas as coisas nem sempre acontece como desejamos, ainda bem e vou contar o porquê.

 

 

Já estava com a nota de 50 reais para pagar quando questionei a atendente se tinha traslado até o ponto de embarque, pois só um passeio de barco sem nada incluso teria que compensar o valor, foi então que ela me disse: Não precisa moça, o barco sai logo ali, uma distância de duas quadras mais ou menos.

E não é que fui tocada por aquele estalo mágico. Guardei o dinheiro e disse, então vou lá primeiro ver onde fica e depois volto para acertar. Cheguei à beira do rio e fui me informando sobre o tal passeio de barco de domingo cedo e quando contei que queriam cobrar 50 reais, o pessoal local ficou horrorizado. Entendo que as empresas têm custos e nem quero entrar no mérito dessa questão, o que pretendo contando essa história é que às vezes alguns passos a mais mudam o contexto da história.

Pois bem, cheguei à barca que faz a travessia e o senhor me informou que o passeio saía aos domingos cedo lá da beira do rio no lado de Juazeiro (BA) e que o custo do passeio era R$ 25 reais... O mesmo passeio, no mesmo barco pela metade do preço.

 

 

 

A diferença de valores foi o trajeto da barca de uma ponta a outra do rio e que me deixou imensamente feliz. Prontamente liguei para a empresa Rio dos Currais responsável pelo passeio e fiz minha reserva, por um preço honesto e fui muito bem atendida.

Com sorriso largo e feliz da vida voltei a Petrolina para descansar e me preparar para o domingo intenso que teria.

 

 

O dia amanhece e o sol já nasce chamando você para despertar logo. O passeio começa às 10 horas, mas as oito já tinha tomado café, arrumado minha mochila e ido rumo à barca para Juazeiro de onde sairia o barco para o passeio.

Imediatamente entrei no barco e fui muito bem atendida pela Daiana, uma moça muito simpática e gentil que me acomodou e ficou ainda sentada lá comigo para um bom papo, comparo a situação como quando recebemos alguém em casa e “fazemos sala” à visita.

 

 

Logo os turistas começam a chegar o pessoal da cozinha a todo vapor preparando o mise en place de todos os quitutes que seriam servidos, bebidas geladas, cantor montando seu aparato e até que toca o apito e o barco começa a navegar pelas águas do velho Chico.

Segundo o pessoal de lá, a água não estão tão clara naquele momento, pois as chuvas fortes de Minas Gerais estavam atrapalhando, mas mesmo um pouco mais escura a energia e a vitalidade do rio era a mesma.

Enquanto o barco seguia seu destino eu estava extasiada, pensando na grandeza das coisas, do poder infinito de Deus, das pessoas que gostaria que estivessem ali comigo, aonde a enogastronomia me trouxe e assim por diante. 

 Logo os pensamentos são interrompidos por um casal de Belo Horizonte que começam conversar e outro rapaz de São Paulo que passou a infância em Petrolina e também fazia o passeio pela primeira vez. Unimos as mesas, caprichei no protetor solar e começamos a degustar as delícias do cardápio de drinks ao som do cantor local que mais parecia o Fagner.
 

Por falar em Fagner, estava eu na esteira aguardando as malas quando olho ao lado e vejo-o lá pertinho de mim...Na saída vi um grande out door avisando que no dia seguinte faria um grande show na cidade.

Mas voltando ao barco, comecei minha degustação optando por um drink chamado Nevado feito com frutas da região e é claro que escolhi UMBU...Maravilhoso.

 

 

O trajeto do barco passa por várias ilhas até que escolhe um ponto para parar e todos que estão a bordo podem se banhar nas águas.

Rapidamente o pessoal do barco monta as mesas, cadeiras e todo serviço para que sentados dentro da água o turista tenha toda comodidade possível e é muito relaxante.

Ali nas águas mornas, repito com muito protetor solar, sentada embaixo do guarda sol não tem como não tomar uma cervejinha gelada. Para minha sorte os “novos amigos” também aprovaram a ideia.

O serviço de bar e cozinha é perfeito. Com preços justos, serviço de qualidade e muitas delícias para degustar.  Logo que o barco atraca, providenciam peixes para assar ali mesmo e você pode comê-los feito na hora e ainda tem a carne de sol maravilhosa, feijão de corda, a macaxeira frita entre tantas opções de refeição e tira gostos.

 

Depois de algum tempo dentro da água a fome bateu e retornei ao barco para poder comer algo e curtir um pouco a vista daquilo tudo, pedi à Daiana que trouxesse algo típico e lá veio uma deliciosa carne de sol com fritas e um prato de feijão de corda, arroz e salada de batatas. Que sabor, divino!

O consumo de bebidas é intenso, o calor é forte e água mineral é sempre uma grande pedida durante todo o trajeto. Depois de algumas horas, iniciamos a viagem de retorno e quando você pensa que já viu tudo, pode ter certeza que não.

 

 Em alguns trechos da margem do rio ainda tem a caatinga (mata nativa) que divide espaço com plantações de frutas e uva irrigadas pelas águas do São Francisco. Lá pelas 17 horas inicia o por do sol belíssimo que poderá assistir ao som da MPB que canta no barco, o meu foi ao som de Fábio Jr (sim, eu gosto!) com aquela música que fala: Demorei muito pra te encontrar, agora eu quero só você... e foi o que aconteceu comigo, esperei quase dois anos para viver isso.

O grande final é quando estamos quase perto da borda de desembarque e o dono do barco declama uma linda poesia sobre o rio e sua importância, fechando com chave de ouro aquele dia espetacular proporcionado nas águas. Dizem que quem entra na água retorna novamente, eu não só entrei como trouxe um pouco dela aqui para casa.

Se me perguntarem se desejo fazer novamente o passeio, responderei com prazer que SIM, mas dessa vez quero levar as pessoas que pensei enquanto via aquele por do sol e junto delas degustar as outras delícias do cardápio, regadas a muito amor e felicidade.

 

Convido você a viver essa experiência e se já viveue me conte!!!