domingo, 23 de junho de 2013

Ana das Carrancas - Arte e amor de geração em geração


Não poderia escolher uma data tão especial como a de hoje para escrever essa postagem, afinal Ana das Carrancas era e sempre será amor a sua arte, seus parentes, seu povo e suas filhas que hoje continuam o seu legado.

Era final de tarde quando voltávamos de um dia cheio de visitas as vinícolas e o nosso motorista Sr. Antero fez uma pequena parada em um bairro distante do centro de Petrolina, ali é o refugio da linda história de Ana das Carrancas.

Meu “guia” mais que especial Francisco liga minutos antes e avisa a nossa chegada a uma das filhas de dona Ana, a Maria que prontamente está lá no portão de braços abertos e feliz por mais uma pessoa vir conhecer a linda trajetória de sua mãe. E eu mais feliz ainda por poder saber quem foi essa mulher tão espetacular.

A casa é um santuário cultural do estado de PE, no jardim logo se avista várias esculturas lindas feitas por Ana que não está entre nós desde 2008, mas é impossível não sentir sua presença tão forte nos traços de suas esculturas de barro, na sala repleta de prêmios, fotos e lembranças e mais ainda, nas lindas palavras proferidas por sua filha durante a minha visita.

Ao adentrar a sala, imediatamente chama a minha atenção uma foto de Dona Ana com o então presidente Lula e o ministro Gilberto Gil, rodeada por Augusto Boal, Ziraldo, José Mojica e outros artistas brasileiros para ser homenageada. 



Segundo Maria, a mãe sempre dizia: “Olha onde o barro me trouxe”, e realmente é fantástica a história de Ana que nasceu em 1923 com o nome Ana Leopoldina Santos Silva, mas virou anos depois a Ana das Carrancas.

Aos sete anos começou ajudando a mãe fazendo potes e panelas de barro para vender na feira de Santa Filomena, que à época era distrito de Ouricuri. Nos anos seguintes foi morar em Petrolina e quando sua mãe morreu, Ana começou a sustentar a família através de seu trabalho e de sua arte.

A matéria prima era obtida em um terreno próximo e logo foi necessário percorrer até as margens do Rio São Francisco para isso e foi em uma dessas andanças que surgiu a sua arte: toda vez que chegava ao rio, Ana via as carrancas (de madeira) multicoloridas nas proas das barcaças. Um dia, resolveu fazê-las de barro "para ver no que dava".

Fazia o barco completo e colocava na proa a carranca e o sucesso foi tão grande que logo começou só fazer as carrancas sem o barco e isso a tornou conhecida no Brasil e em outros países, transformando-a em A Ana das Carrancas.


As carrancas são aquelas figuras com traços fortes que os pescadores colocavam na proa do barco para afastarem os maus espíritos e um dos diferenciais das  carrancas feitas por Ana é que elas tinham os olhos vazados. Fazia-se dessa maneira, pois foi à forma que ela encontrou para homenagear seu marido José Vicente de Barros, cego de nascimento e que foi o grande amor da sua vida.

Essa visita foi do começo ao fim emoção. Não tem como não se orgulhar de uma trajetória linda como essa, de ouvir uma filha descrever com tanto amor e felicidade até os últimos momentos de sua mãe, de ver ali, documentado tantos momentos importantes e poder comprovar mesmo depois de sua partida a sua arte.

Um dos desejos de Ana das Carrancas era que sua obra continuasse, e é o que está acontecendo graças as suas filhas Maria, Ângela e toda equipe.

Então, espero que através dessas simples e honestas palavras possamos contribuir para que mais pessoas conheçam essa brasileira espetacular.


Assista o video que preparamos especialmente para vocês





Serviços:
Centro Cultura Ana das Carrancas
Endereço:BR 407, 500 – Cohab Massangano, Petrolina.
Telefone: (87) 3031-4399
site: https://anadascarrancas.wordpress.com/

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